segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Minha Morte


Sempre pressenti que não viveria muito, mas nunca imaginei que aconteceria ontem...

Era uma tarde como qualquer outra, tudo corria tranquilo e aparentemente normal. O sol brilhava forte, as pessoas passavam de um lado para o outro;
todas preocupadas com tudo, menos com a vida humana.

E então, tudo muda...

O tempo que demasiadamente demonstra ser longo, às vezes atingi-nos com algumas de suas peripécias e encurta-se de forma a não sobrar possibilidades para mais nada. E quando não há mais tempo o que nos restam são apenas lamentos e arrependimentos. E esses são os males que, agora, recai sobre mim.

Tudo que quis, que pude fazer ou ter, deixei para depois...
Mesmo sabendo que não viveria o tempo suficiente, deixei tudo para depois e, no entanto, esse depois não veio...

Tive oportunidade de mostrar ao mundo a minha face... Não mostrei.
Tive oportunidade para mim rebelar... Não me rebelei.
Tive coragem para gritar sobre as injustiças... Não gritei.
Tive forças para lutar contra a hipocrisia que afeta a humanidade... Não lutei.
Tive ousadia para enfrentar o medo... Não enfrentei.
Tive oportunidade para mudar o mundo e não mudei...

Deixei tudo para depois...
- Estéril ilusão –

Agora, nenhuma desculpa me consola...
Nenhuma lágrima me refaz...

Ontem, todos os meus fracassos e possibilidades das quais precisava surgiram. Apenas não surgiu à possibilidade de como retornar o tempo e reformular minha vida e, quem sabe, prolongá-la um pouco mais.

Tudo, em minha volta, que antes se movia freneticamente tornou-se lento. Olhares se abateram sobre mim, todos com ar de desdém, e eu os fitavam com mesma reciprocidade.

Tudo se mostrava grandioso diante de uma vida insignificante...
Todas as lembranças que me torturavam, vieram e se ofuscaram...

Juro que tive medo...

- O pior de todos -
Aquele era o meu último medo, e também meu último reduto...

Passamos – durante nossas vidas – por tantas situações tenebrosas e não nos damos conta. E diante da coisa mais banal, encolhemos e fracassamos...

(Vozes)
"– Saiam de cima dele! Deixem-no respirar! Abram caminho, o médico chegou! "

Não adianta. Devemos entender, ou deveríamos, que quando o ciclo se completa não há mais o que fazer. Tentar interromper causará apenas tormento para ambas as partes - para quem vai e para quem permanece - ...
Cores e vozes confundiram-se, porém os medos e as dores que afligia o peito começavam a esvaecer...

E assim, como o dia se faz noite, como a flor desabrocha sua última pétala...
Também se fazia minha passagem...

"Pois, tudo que é vivo morre."

Hoje...

Hoje, estou aqui, do lado oposto, sem objetivos, sem oportunidades, sem nada, sem ninguém...

E ontem...

Ontem, meus caros, foi a minha morte...
"Aqui, jaz a dor e a esperança."

۞ : 11 de setembro de 1988.
: ONTEM.


Elmo da Vinci Zaratustra

2 comentários:

N@aty disse...

Bem diferente, gostei!!!
Cada dia que passa vc, Elmo, me surpreende mas!
parabens!

thiago disse...

Massa! bastante louco!

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